28/05/2012 às 22:30
Câmara de Aracruz rejeita afastamento de prefeito
Por seis votos contra quatro, a Câmara de Aracruz rejeitou o pedido de afastamento preventivo do prefeito Ademar Devens (PMDB) do cargo, requerido na denúncia de mais de duas mil páginas feita pelo Movimento de Defesa dos Direitos Humanos, alegando irregularidades nos serviços de coleta de lixo e saúde básica.
Com o plenário lotado de manifestantes dos dois lados, exibição de vídeo sobre corrupção nos Estados Unidos, ofício do PMDB ameaçando vereadores do partido de não ter legenda na próxima eleição se votassem pelo afastamento e até carta de repúdio assinada por sete vereadores contra a FOLHA DO LITORAL (por sua reportagem coerente na última edição), votaram contra o pedido de afastamento os vereadores Paulo Neres (PMDB), Beto Vieira (PDT), Moacir da Silveira (PP), Paulo Martins (PDT), Anderson Ghidetti (PTB) e Romildo Broetto (PV).
Os seis vereadores demonstraram coerência nos votos, afirmando que não poderiam julgar um prefeito com base em uma denúncia de mais de duas mil páginas, com apenas 10 dias de análise. Anderson Ghidetti resumiu as opiniões dos demais, afirmando que estava votando em favor da atração de investimentos e geração de empregos no município, que certamente sofreria mais um golpe em sua economia com um novo escândalo político.
Votaram a favor do afastamento do prefeito o presidente da Câmara, Samuel Nascimento Barbosa (PSB), e os vereadores Kiko Covre (PSB), Agnaldo Conceição de Jesus (PRTB) e Celson Silva Dias (PMDB), este contra a orientação de seu partido, chegando inclusive a chamar de bandidos que deveriam estar na cadeia os integrantes da Executiva Municipal, Gil Furieri, Ronaldo Cuzzuol, Ozair Auer e Ismael Auer.
Kiko Covre disse que analisou a denúncia de 96 páginas e mais de duas mil páginas de documentos, concluindo que seria melhor o afastamento do prefeito, alegando que a Ambitec foi favorecida pela administração na prestação dos serviços de coleta de lixo, e que a saúde vive um caos, estando falida no município. Os suplentes Moacyr da Silveira (PV) e Paulo Martins (PDT), que estão impossibilitados de assumir por decisão da Justiça Eleitoral, em virtude de recursos dos titulares afastados e ainda não julgados pela Justiça, foram convocados apenas para dar quórum à votação, e optaram pelo não afastamento do prefeito.
O que pediam os denunciantes
Os representantes dos Direitos Humanos em Aracruz apresentaram à Câmara denúncia com o pedido de abertura de CPI para afastar, investigar e punir o prefeito Ademar Devens, um suplente de vereador que já foi secretário municipal de Infraestrutura e diretor do SAAE, três atuais secretários e a Fundação Hospital e Maternidade São Camilo, instituição que presta serviços de Pronto Atendimento em serviços de saúde por meio de contratos firmados com a prefeitura.
Os objetos das denúncias são os contratos de prestação de serviços de coleta de lixo e de limpeza pública, contratos firmados com a autarquia SAAE e a precariedade dos serviços prestados pela Fundação Hospital e Maternidade São Camilo. A denúncia é baseada nas gravações telefônicas clandestinas feitas pelo vereador afastado George Coutinho, que ficou 97 dias preso por ameaçar testemunhas, com os demais vereadores também afastados. Ele é réu confesso no recebimento de propina e por isso foi afastado pela Câmara.
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